ode a metade
antes
o capital de gotas indiferentes sucumbidas as luas de marte - nos escombros o ser
humano ferido, estarrecido pela melancolia dos respingos da chuva no sul, do
cobre pesado imposto pelos estatutos - acobertados do crime de sentir vida e o
castigo de assim amar as colheitas. e saudar
o
constante dossiê dos olhares transeuntes e elegias corruptas sobre a noite
entre as vigas efêmeras dos discursos breves, dos nortes estrelados de
pássaros, das triunfantes vísceras de poeira e das ondas da razão
vide
as morenas que passeiam nas orlas de tuas memorias e saciam ate o infinito as
palavras perdidas tal qual as mangas rosas do teu quintal que florescem como as
revoluções na primavera a margem do terceiro rio constante de tua matéria
pois
os paradoxos herméticos que nos limitam se põem com o sol de dionisio
e
os sambas amanhecem como guerreiros homéricos resistindo a maquinaria sistêmica
das gravatas
e
o todo se sente incinerado pelas algaravias que conduzem o sagrado ato de
repartir
e
os combates, disparates, os fios semeados, a multidão e as salivas devassas que
marcam a gênese das estradas mas nos mostram um fim
e
as derivas juvenis que perduram nos pesadelos políticos desde péricles
e
com a cólera intempestiva de um mulher e mais dezenas de saxofones romperemos a
amargura burguesa dos capitólios poéticos que erguem nossa natureza
pois
ainda sinto o inverno piedoso que passou e os ritos traçados pelos fantasmas do
negativo, dos espetáculos da realidade e seus utensílios virtuais e das minhas
retinas de flaneur
e
sei das lamurias entoadas nas esquinas e dos prazeres perdidos, dos uivos
marginais do passado e da introspecção mística dos tolos do futuro
vigiados
pelos preceptores do universo sapiens como um dia já fizeram sócrates e cristo
e nietzsche e tolstoi, quando diz que tudo que sei, sei porque amo – e se dilata ao acreditar
exaurido
a
epígrafe dos loucos que ainda sentem o absoluto em nossas almas selvagens, nossas seivas
libertarias, nossa dialéticas botânicas, assim, como um confusão desvairada,
como um sonho esquizofrênico, como um quase em marcha.
por Thor Veras