segunda-feira, 13 de agosto de 2012

ode a metade




ode a metade

antes o capital de gotas indiferentes sucumbidas as luas de marte - nos escombros o ser humano ferido, estarrecido pela melancolia dos respingos da chuva no sul, do cobre pesado imposto pelos estatutos - acobertados do crime de sentir vida e o castigo de assim amar as colheitas. e saudar

o constante dossiê dos olhares transeuntes e elegias corruptas sobre a noite entre as vigas efêmeras dos discursos breves, dos nortes estrelados de pássaros, das triunfantes vísceras de poeira e das ondas da razão

vide as morenas que passeiam nas orlas de tuas memorias e saciam ate o infinito as palavras perdidas tal qual as mangas rosas do teu quintal que florescem como as revoluções na primavera a margem do terceiro rio constante de tua matéria

pois os paradoxos herméticos que nos limitam se põem com o sol de dionisio

e os sambas amanhecem como guerreiros homéricos resistindo a maquinaria sistêmica das gravatas

e o todo se sente incinerado pelas algaravias que conduzem o sagrado ato de repartir

e os combates, disparates, os fios semeados, a multidão e as salivas devassas que marcam a gênese das estradas mas nos mostram um fim

e as derivas juvenis que perduram nos pesadelos políticos desde péricles

e com a cólera intempestiva de um mulher e mais dezenas de saxofones romperemos a amargura burguesa dos capitólios poéticos que erguem nossa natureza 

pois ainda sinto o inverno piedoso que passou e os ritos traçados pelos fantasmas do negativo, dos espetáculos da realidade e seus utensílios virtuais e das minhas retinas de flaneur

e sei das lamurias entoadas nas esquinas e dos prazeres perdidos, dos uivos marginais do passado e da introspecção mística dos tolos do futuro

vigiados pelos preceptores do universo sapiens como um dia já fizeram sócrates e cristo e nietzsche e tolstoi, quando diz que tudo que sei,  sei porque amo – e se dilata ao acreditar exaurido

a epígrafe dos loucos que ainda sentem o absoluto  em nossas almas selvagens, nossas seivas libertarias, nossa dialéticas botânicas, assim, como um confusão desvairada, como um sonho esquizofrênico, como um quase em marcha.

por Thor Veras 

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