"Trabalhemos ao menos, nós os novos, por perturbar as almas, por desorientar os espíritos. Cultivemos em nós próprios a desintegração mental como uma flor de preço. Construamos uma anarquia. Escrupulizemos no doentio e no dissolvente. E a nossa missão, a par de ser a mais civilizada e a mais moderna, será também a mais moral e a mais patriótica." Fernando Pessoa
domingo, 13 de maio de 2012
"Pois os pensamentos são uma coisa estranha. Muitas vezes não passam de acasos que desaparecem sem deixar rastros; os pensamentos tem épocas de viver e épocas de morrer. Pode-se ter uma idéia genial, e ainda assim, como uma flor, ela murchará lentamente entre nossas mãos. Permanece uma forma, mas faltam suas cores e seu aroma. Isso significa que, embora posteriormente nos lembremos bem dessa idéia, palavra por palavra, e o valor lógico da frase permaneça inalterado, ela apenas flutua desorientada na superfície de nosso interior, e não mais nos sentimos enriquecidos por possui-la. Até que - talvez anos depois - de súbito surge o momento em que vemos que, naquele meio-tempo, nada sabíamos sobre ela, ainda que, do ponto de vista da lógica, soubéssemos tudo."
MUSIL, Robert, 1880-1942. O Jovem Törless (Die Verwirrungen Des Zöglings Törless), Áustria, 1906.
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