"Trabalhemos ao menos, nós os novos, por perturbar as almas, por desorientar os espíritos. Cultivemos em nós próprios a desintegração mental como uma flor de preço. Construamos uma anarquia. Escrupulizemos no doentio e no dissolvente. E a nossa missão, a par de ser a mais civilizada e a mais moderna, será também a mais moral e a mais patriótica." Fernando Pessoa
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
no final da tarde...
No final da tarde, o poeta
Fecha as janelas, cerra
imaginadas cortinas,
encolhe suavemente as asas
e encara o mundo nas brancas quatro paredes. O tempo passeia finas unhas no final da tarde. O poeta mastiga o dia,
gosto neutro de sua boca que escorreu lerdo, morno, entre dedos inábeis e leves pancadas de chuva. No final da tarde, uma sombra se abaixa sobre as palavras. Sob as palavras, um abismo. E há ouro no céu de crepúsculo, há um besouro que agoniza na calçada, e ventos vindos do oeste.
Eunice Arruda
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário